A louça e eu

Quem entra na minha casa e já olha direto para a pia, pode achar que aqui moram umas dez pessoas. É muita louça. Sei que preciso lavar tudo, mas me pergunto “pra quê?” Bebo água nos copos, mas quando suja um, pego outro, e mais outro, e mais outro, até eles se acabarem. Daí, pego as xícaras. E a mesma coisa com pratos e talheres. Só lavo mesmo quando não tenho mais como comer. Aí começa todo o processo:

Limpo a bucha. Passo detergente. A quantidade varia de acordo com a sujeira da louça. O aroma varia de acordo com meu humor, mas prefiro neutro. Depois, passo água em toda a louça começando pelos talheres (mais fáceis). Depois, fecho a torneira e ensabôo tudo. Nessa hora, minha camisa e metade do chão também estão molhados. Depois, abro a torneira e enxáguo toda a louça, pela mesma ordem que comecei (isso é mania. Acho que assim deixo todas, com tempo igual, lambuzadas de detergente). O escorredor fica uma bagunça, coloco tudo de qualquer jeito, e se não cabe, é desculpa para não lavar agora.

Mas deixo também uma dica mais preguiçosa: coloque tudo numa bacia com bastante detergente e depois passe o pano de prato. Eu nunca fiz isso, e se você for fazer, cuidado. As visitas podem começar a recusar aquele copo d’água.

Mas admito: lavar louça é bom. Enquanto você enxágua um prato, lembra de alguma tarefa. Na hora de passar bombril numa panela, canta qualquer musiquinha que vier na cabeça (“não me importa se ela é coroa..."). Vira e mexe tenho idéias malucas na cozinha, o que acaba me fazendo sujar muita louça para pouco resultado. Faço meus pratos, mas nada que se compare a uma moqueca capixaba, por exemplo. Mas cozinhar é outra história. Se eu não terminar de lavar a louça agora, amanhã vou ter que almoçar num restaurante.