sábado, 13 de setembro de 2008

A toalha no varal

Virei as chaves já com o roteiro definido: chegar em casa, abrir a geladeira, ver se ainda sobrou o refri de ontem, pegar a toalha e entrar debaixo do chuveiro. O dia foi intenso e nada como um bom banho pra relaxar.

Fiz tudo como meu planejado: cheguei, abri a geladeira, tomei o refri sem g
ás, comi um pedaço de pão dormido, liguei a TV, quase cochilei e só depois entrei debaixo do chuveiro. O banho me revigorou, estava pronto pra me jogar na cama e só acordar no dia seguinte. Sacodi o cabelo, tirei o excesso da água, e peguei a toalha.

Opa, cadê a toalha? Ela estava lá, balançando sequinha no varal, bem longe de mim e bem perto do campo de visão dos vizinhos do prédio ao lado.

E agora? Opções:
  1. Me enrolo na toalha de rosto;
  2. Saio correndo peladão pelo corredor até chegar no quarto;
  3. Sento na privada e fico esperando o vento me secar.
Pensei nos contras: a toalha de rosto é pequena demais pra mim. Sair correndo molhado pode causar acidentes e não tenho a noite toda pra ficar seco naturalmente. Decidi ir e pegar a toalha. Fui na ponta dos pés, como se estivesse me escondendo de alguém que estava por perto. Estiquei a mão, não alcançava. Cheguei mais perto. Me ferrei.

Escorreguei e caí no chão. Sabia que andar molhado não ia dar certo. Do chão frio, olhei para fora da varanda e me senti uma atração de zoológico. Alguns curiosos olhavam pro meu apartamento, riam, tapavam os olhos, se espantavam e gritavam “gostoso” (gritaram mesmo!).

Peguei a toalha, fui pro quarto decidido só sair de lá daqui a dez anos, quando a vergonha passasse. Mas logo passou. As atenções se voltaram para a vizinha do 401 que foi flagrada quase nua no elevador. E ninguém se lembrava mais de mim.

5 comentários:

Ana Paula Nunes disse...

Odeio esquecer a toalha e não poder gritar:
- Manhêe!!! Pega a toalha pra mim.
Isso com certeza é uma das coisas mais tristes de se morar sozinho.

Carlos d'Andréa disse...

Bom texto! Ainda estou na dúvidas se, além de “crônicas”, vocês pretendem divulgar dicas e orientações, digamos, “mais concretas”. Abs, Carlos

Mary Azevedo disse...

Aê Augusto, arrasando os corações da vizinhaça... auhauhauha
me lembrou "O Homem nú", do Sabino.

Samira Calais disse...

To adorando o blog!!!
Sempre venho aqui ler as histórias do Augusto...

Parabéns moçada!!!

Débora Antunes disse...

Podia usar o papel higiênico pra se secar. Ia ficar parecendo um boneco de neve depois, com o papel todo grudado no corpo.
Eu vejo gente nua (nem tanto, mas quase) do apartamento da Manu, lá é o maior Big Brother. Os vizinhos nem precisam pegar toalha em varanda, dá pra ver dentro do banheiro deles meso.